A conformação influência a reprodução?
É inegável que a raça holandesa sofreu transformações nas últimas décadas, graças ao melhoramento genético possuímos animais mais resilientes, eficientes e principalmente mais produtivos, no gráfico a seguir podemos ver a evolução de décadas de melhoramento na produção leiteira, onde animais partiram em 1957 de uma produção média de 5900kg para mais de 12800kg em média no ano de 2017.
Agora se avaliarmos a principal característica relacionada a reprodução, a taxa de prenhez (DPR) podemos observar um grande regresso seguido por uma ligeira melhora. Em 1957 a taxa média de prenhez era de 37,8%, em 2017 esse número era de 36%.
Além do melhoramento genético da reprodução ter sido esquecido por décadas, a taxa de prenhez possui uma herdabilidade muito baixa (menos de 0,10, numa de escala de 0 a 1), isto significa que pouco da performance real dos seus pais é passada para a próxima geração. Então como pode ser resolvido um problema tão impactante como a reprodução com tão pouca resposta por geração?
A reposta é simples: correlação com outras características mais herdáveis. Uma correlação pode ser positiva ou negativa. Em outras palavras, numa correlação positiva as características crescem ou aumentam juntas, e na negativa caminham para lados opostos. Mas quais características impactam positivamente e quais impactam negativamente?
Características para capacidade corporal como estatura e angulosidade são desfavoráveis para a reprodução, significando que animais maiores irão possuir em média mais dias em aberto (dias entre o parto até a próxima inseminação), tempo de gestação e um intervalo entre partos mais longo. Vacas maiores possuem uma maior necessidade de ingestão alimentar e uma maior produção leiteira, e em muitos casos consomem suas reservas corporais, o que pode significar uma piora na performance reprodutiva. Da mesma forma, animais com uma melhor textura e profundidade de úbere e ligamento de suporte mais forte, apresentaram também intervalo entre partos maiores. Em contrapartida, uma pontuação final mais elevada, profundidade corporal maior, peito mais largo, um úbere anterior mais aderido e tetos com maiores comprimentos podem promover indiretamente melhorias no período do primeiro serviço, diminuindo o intervalo entre partos.
Para a facilidade de parto foram encontrados resultados semelhantes, onde um maior tamanho, profundidade corporal, capacidade torácica e pernas & pés apresentaram uma correlação negativa. Porem animais que possuem uma angulação de garupa mais baixa ou “caída” tendem a ter um parto mais fácil, o mesmo acontece com animais que possuem melhor caracterização leiteira e com melhor pontuação final.
Podemos concluir dizendo que após analisar diversos artigos e estudos que correlacionam a conformação com as características reprodutivas a maioria dos autores chega à conclusão que uma melhor pontuação final tende a melhorar a fertilidade em geral. A pontuação final consiste numa harmonia entre todas as características de conformação e apresenta uma herdabilidade moderada a alta, podendo ser um dos critérios de seleção mais ideais para promover melhorias no período de serviço, período seco, intervalo entre partos e idade ao primeiro parto.